Tudo é cíclico

Graças ao movimento do planeta Terra em torno do Sol – a translação – podemos experimentar diferentes sensações térmicas durante o ano. Para além da temperatura, muita sabedoria se encerra nesse vai e vem constante da densidade de luz sobre o planeta e aqueles que o habitam. Há momentos em que as estações naturalmente parecem ultrapassar os limites da carne para alcançar a nossa alma, ou aquilo que nos “anima”. Pois não é que, o outono se faz nessa necessidade inerente de liberação/libertação daquilo que já está seco, amarelado, sem vida e sem viço para então permitir que mais à frente o novo nos chegue. Em seguida, surge o inverno para encurtar os dias e esticar as noites. E assim, o frio intenso e a infertilidade que reinam lá fora nos “convidam” a algumas horinhas a mais de cama e reflexão. Pois, quando tudo nos aparenta morte e aridez chega a vez da primavera. Com ela re-aparecem os passarinhos, que por sua vez, retomam a tarefa de alegrar nossos ouvidos enquanto espalham pra lá e pra cá novas sementes e fertilidade. Então, está pronto o cenário para a frutificação inerente ao verão, essa intensidade solar que lança luz e cores para todos os lados. Colore os frutos e todo o resto que se expõe a sua majestade e estrela central do Sistema Solar. Pois, há muito para aprendermos quando nos dispomos a observar os ciclos da natureza. Desde o nascimento buscamos nos erguer de todas as formas, justo para ao final acabarmos por nos curvar perante a vida, e, retornarmos à terra e a ela nos misturarmos novamente. Desde a chuva aos fios de cabelos que caem espontaneamente, ao final tudo voltará para a mãe terra. Na aceitação daquilo que não pode ser modificado, entramos em contato com uma nova fórmula de vivenciar as transformações inerentes à vida. Da aceitação à amputação, passamos direto para uma nova realidade que fatalmente nos alcançará. Nessa altura do campeonato acredito que seja este, o preço a ser pago pela existência. E, não é que jogar aceitando as regras do jogo gera a tranqüilidade necessária para simplesmente seguir em frente, pois tudo é cíclico.