Durante
a semana corrente li e (re)li uma diversidade de textos com estampas de “alertas” para a seriedade contida na participação do eleitor no exercício democrático,
conforme ocorrerá amanhã nos mais de 8560 municípios do território brasileiro.
Já dizia um título póstumo, o herói é suspeito de ter buscado a glória ou
fugido do remorso. Ao ultrapassar os interesses particulares, tais narrações
alcançam a importância do objeto nelas contido, a conscientização do voto. Atos
de coragem egoísta é egoísmo. A partir de uma reflexão salutar e oportuna, pretendo
disparar uma análise da justa distância que nos separa das próximas eleições
municipais; previstas para o primeiro domingo de outubro de 2016. Até lá, as
comunidades viverão sob a “guarda” dos representantes eleitos pelas unanimidades que amanhã irão às urnas. Nesse complexo e delicado contexto torna-se oportuno
discernir o que é ético do que é estético. Ao refletir sobre as características
que definirão soberanas escolhas, ponderar sobre os impulsos irracionais
que compõem as faculdades humanas, especialmente mediante à aflorados apetites e
afetos poderá nos garantir melhores quadros na memória do futuro. Não
seria a prudência o mais adequado intervalo entre a ação e o impulso? Como uma
das quatro virtudes cardeais, algo comum ao período da Idade Média, a prudência
por Comte-Sponville denota o desejo entre o lúcido e o razoável. E isto sim, pode nos conduzir as decisões mais conscientes. A escolha de um bom governo perpassa
sobretudo, por uma análise lúcida e real dos argumentos utilizados como proposta
para a gestão da comunidade em disputa. É de conhecimento quase orgânico em nossa
espécie, as virtudes necessárias ao reconhecimento de uma boa
liderança. Em especial, entre elas aponto a virtude da justiça. Em Platão
lemos por justiça: o que reserva a cada um sua parte, seu lugar, sua função com
fim na preservação da harmonia do conjunto. Respeito à igualdade de direitos e
deveres. Como por exemplo, o direito de vivenciarmos uma comunidade onde os serviços
públicos funcionem adequadamente, ou o mais próximo disso. O que se torna
estrondoso desafio ao avaliarmos os desajustes e as misérias já cristalizados pelo
sistema. Neste cenário, o tempo representa um fator preponderante nos meandros
do Estado burocrático. Retroceder ou ainda, paralisar o que já está em andamento pode gerar
perdas imensuráveis na resolutividade de demandas que se arrastam por décadas. A
conquista do real impõe seus obstáculos, desafios e deslizes. Que possamos
levar tudo isso em conta nas reflexões que proponho, sob a luz da prudência perante
as urnas. A temperança foi apontada por Aristóteles como a cumeada entre os
abismos da intemperança e da insensibilidade. Nestas eleições municipais,
ficaremos com a polidez insultante dos grandes ou a obsequiosa dos pequenos? Passados
exatos 223 anos de um importante marco na História Moderna da nossa civilização
convido os cidadãos brasileiros, sobretudo, os divinopolitanos a honrar a autonomia
e o respeito aos direitos sociais, conquistas da Revolução Francesa de 1789.
Pelo presente e pelo futuro de nossas gerações votemos com autonomia e consciência
neste decisivo sete de outubro.